Apesar da proposta defensiva, Lanús mostra como um time médio pode valorizar saída de bola

Grêmio teve dificuldade para penetrar na defesa argentina, mas venceu por 1 a 0

Apesar da proposta defensiva, Lanús mostra como um time médio pode valorizar saída de bola

Domingo passado estive na redação do FI e, em conversa com o editor Élcio Paiola, ele me interrogou sobre o texto em que projetei reformulação a ser proposta no Guarani em vez de citações mais específicas do jogo.

Agora, igualmente, vou pegar esse time argentino do Lanús, derrotado pelo Grêmio por 1 a 0 na noite desta quarta-feira, pra puxar o assunto pra realidade de clubes médios que deveriam também se organizar com proposta bem definida de se defender, sem com isso ignorar totalmente a possibilidade de atacar.

Pela amostragem do Lanús nesta final da Libertadores, neste jogo em Porto Alegre, questiono você à indicação de um jogador acima da média? Diga um, pelo menos?

Guardadas as devidas proporções, e com característica mais defensivas, o formato do Lanús se assemelha ao Corinthians na estruturação defensiva. Raramente há brechas para penetração do adversário.

O que difere um time com proposta defensiva como o Lanús correr pouco risco?

SEM CHUTÕES

O miolo de zaga argentino foi quase intransponível no jogo aéreo. A rigor, a única desatenção foi fatal aos 37 minutos do segundo, quando o centroavante gremista Jael ganhou o lance pelo alto, e bastou um leve toque de cabeça para deixar o polivalente Cícero livre na cara do gol, para definir a partida.

Diferentemente da maioria das equipes médias – como a Ponte Preta, por exemplo – raramente se vê o Lanús rifando a bola.

Exceto o fraco lateral-direito Gómez, os demais jogadores de defesa e volantes não têm receio de receber a bola mesmo marcados sob pressão.

Essa valorização de posse de bola, que começa lá atrás, é um diferencial pro time tentar se organizar de pé em pé, mesmo sem destaque individual.

Por isso que, apesar das claras limitações da equipe, ainda ameaçou a meta gremista em duas ocasiões, exigindo defesas difíceis do goleiro Marcelo Grohe.

Essa treinadorzada de equipe médias deveria se pautar na montagem de equipes com escolha de zagueiros e volantes que saibam jogar com a bola nos pés. Que não se desfaçam dela inutilmente, presenteando o adversário para recomeço de jogadas.

DRIBLADOR

Já escrevi aqui que o sucesso desse time do Grêmio tem que ser creditado em maior escala ao treinador Renato Gaúcho, que conseguiu compactá-lo e treiná-lo para que seja organizado.

Entre os jogadores, o diferencial é o meia Luan, cujo posicionamento foi equivocado nesta quarta-feira.

Ele recuou excessivamente na tentativa de organizar as jogadas ofensivas, quando o lógico seria posicionamento mais próximo à área adversária para forçar o drible e, em última análise, cavar faltas visando aproveitamento do lateral-direito Edílson.

Outros dribladores do Grêmio são Fernandinho e Everton, ambos em má fase.

Como o Lanús sabe se resguardar, o driblador é imprescindível na empreitada de jogadas individuais para se tentar furar o bloqueio.

FATOR CAMPO E ARBITRAGEM

Apesar das claras limitações do Lanús e da imensa vantagem do Grêmio, persiste a indefinição de quem levanta a taça da Libertadores na semana que vem.

Aquela praçona a dois quilômetros do campo do Lanús estará mais uma vez tingida de bordô no espaço concentração, e numa espécie de operação arrastão torcedores chegam de uma só vez ao estádio fazendo barulho ensurdecedor.

E mais: aqueles cartolas trabalham demais nos bastidores.

Quando estive lá, em 2013, véspera da final da Sul-Americana contra a Ponte Preta, fotografei arquitetos ornamentando o salão de festa do estádio, como se o título já estivesse garantido.

No campo observou-se claramente uma arbitragem que minou o time pontepretano até que sofresse o gol. Depois, como não mais precisou, o juizão apitou corretamente. Portanto…