Presidente do Grêmio defende paralisação e fala sobre treinos e jogos: 'Isso pouco importa'

"Me sinto agredido vendo comemorar gol em outros estados e a gente sofrendo, corpos boiando, as pessoas morrendo"

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Porto Alegre, RS, 08 (AFI) – Em meio à tragédia que atinge o Rio Grande do Sul, o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, concedeu entrevista ao programa Ta Na Área, do Sportv. Para o dirigente, o Brasileirão deveria ser paralisado, ao menos algumas rodadas, pois a situação é grave.

“Eu sou da opinião que deveria parar, no mínimo, a próxima rodada, talvez duas. Mas é muito grave a situação. Alguns demonstraram ser favoráveis. Se todos os presidentes estivessem na nossa condição, pensariam a mesma coisa. Mas não estão, então não conseguem ter a verdadeira dimensão. Alguns foram favoráveis, alguns silenciaram e outros querem acompanhar mais, se mostraram reticentes. Ainda falta muito para melhorar aqui”, avaliou.

Alberto Guerra não vê sentido no futebol e comemoração de gols em outros estados, enquanto o Rio Grande do Sul está em ‘fase de sobreviviência’.

“Futebol é festa, alegria, uma expressão da cultura brasileira. E me sinto agredido vendo comemorar gol em outros estados e a gente sofrendo, corpos boiando, as pessoas morrendo. Muito grave o que estamos vivendo. Não sei onde vamos treinar, jogar. Juro que hoje isso pouco importa. Estamos em uma fase de sobrevivência e de ajudar o próximo, de buscar água, de dar alimento”, explicou.

Em meio ao cenário de caos, a rivalidade centenária entre os clubes do Sul deram uma trégua em nome da solidariedade.

“Tenho falado muito com o Alessandro Barcelos (presidente do Internacional), o próprio Fábio Pizzamiglio, (mandatário do Juventude). Estamos irmanados nessa mesma luta. Não tem como pensar em treinar com pessoas que estão em abrigos, hotéis. Eu me recuso a falar de futebol, como presidente do Grêmio. Neste primeiro momento, temos de ajudar o próximo. Depois teremos as ações humanitárias e, num terceiro momento, a reconstrução. Quando vai ser isso, não tenho a resposta”, disse Alberto Guerra.

Alguns clubes, como Flamengo, Athletico, Palmeiras, São Paulo, Santos e Portuguesa ofereceram suas instalações caso os clubes gaúchos assim desejassem. Entretanto, Guerra disse que o Grêmio está focado em ‘salvar o próximo’.

“A única coisa que pensamos é sobreviver, ajudar o próximo, ter água, coisas básicas. Não tem como pensar em futebol, em treinar. Sei que foi com carinho, vários clubes ofereceram, mas não é o momento. Agora é salvar o próximo. É o que gostaríamos de passar em rede nacional. Ainda que não passe 10% do que está acontecendo aqui. E não é crítica, é difícil entender, mas para mostrar que não tem como pensar em futebol”, finalizou.

A CBF não paralisou o Brasileirão por conta da falta de apoio da maioria dos clubes. Os únicos que abertamente defenderam a paralisação foram Atlético-MG e Botafogo. Com isso, a entidade apenas adiou todos os jogos envolvendo clubes gaúchos inicialmente dos próximos 20 dias.