Paulo Garcia oficialmente impugnado. Se Justiça confirmar, Roque Citadini vai crescer

Apoio de Paulo Garcia pode determinar crescimento da campanha de Roque Citadini contra o deputado do PT Andrés Sanchez

Apoio de Paulo Garcia pode determinar crescimento da campanha de Roque Citadini contra o deputado do PT Andrés Sanchez

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São Paulo, SP, 29 (ADI) – Saiu na tarde deste segunda-feira, como era esperado, a decisão do Presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, desembargador Guilherme Strenger, acatando decisão do Comissão Eleitoral que por 4 votos a 1, impugnou a candidatura
do empresário Paulo Garcia à presidência no próximo sábado, dia 03.

A confirmação da medida por Strenger era indispensável, pois a Comissão sozinha não tem poderes para impugnar uma candidatura. Tecnicamente, a Comissão analisa os casos, vota (são quatro membros com direito a voto, mais o presidente da mesma, o também desembargador Miguel Marques e Silva) e envia o seu parecer ao presidente do Conselho Deliberativo, que
confirma ou não o parecer.

O corintiano Paulo Garcia pode decidir eleição a favor de Roque Citadini

O corintiano Paulo Garcia pode decidir eleição a favor de Roque Citadini

PRESIDENTE VAI JUNTO COM CONSELHO
Embora tudo levasse a crer que Strenger concordaria com a decisão da Comissão tomada na sexta-feira, 26/02, havia expectativa no grupo de Garcia de que o presidente do Conselho Deliberativo protelasse sua decisão ou vetasse o Parecer, decidindo contrário a este.

Mas acabou prevalecendo o que tem sido regra nesta eleição: o que a Comissão decide, o presidente do CD segue.

Garcia afirma ao Futebol Interior que vai para a Justiça Comum (é a única esfera a quem ele pode recorrer no momento, uma vez que solicitar uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo prevista no Estatuto, não seria viável pelo prazo exíguo da data da eleição, daqui a 5 dias).

O caminho para os advogados de Garcia é um pedido de anulação da medida, com a interferência da Justiça Comum, uma vez que seus advogados podem alegar um cerceamento de seus direitos em concorrer ao pleito. Para ter eficácia prática, a ação a ser proposta tem que conter um pedido de liminar que garantisse a presença do nome e da foto de Garcia na urna eletrônica no dia 03/02.

RECURSO E CASSAÇÃO
Conseguindo a liminar, Garcia concorreria, porém o Corinthians, através do presidente do Conselho Deliberativo ou do seu próprio Departamento Jurídico, poderia tentar cassar a liminar antes ou até mesmo no sábado, 03/02 e Garcia estaria fora da disputa.

Paulo Garcia (à esquerda) pode se unir a Osmar Stábile, vice de Citadini

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O mais provável, porém, é que Garcia não conseguindo a liminar no Fórum do Tatuapé (necessariamente no Fórum do Tatuapé, dado a sede social do clube estar neste bairro), ele tente reverter a decisão no Tribunal de Justiça. O problema para o candidato é que o Tribunal muito provavelmente não teria agilidade para analisar o pedido desta possível nova liminar até sábado.

Acrescente-se que os magistrados Forum do Tatuapé têm se inclinado a não aceitar pedidos de liminares que contrariem decisão do Corinthians. Esta tem sido a regra, mas, como se trata de decisão de Juiz, não é 100 por cento de certeza de que isto voltará a acontecer neste caso.

PROVÁVEL REJEIÇÃO
É melhor considerar que o mais provável é que rejeitem a liminar, restando a Garcia a instância superior. Mesmo que não julgado antes das eleições o mérito do pedido de Garcia entraria na pauta do Tribunal e seria julgado mesmo após as eleições.

No terreno das hipóteses uma decisão favorável a Garcia poderia ocorrer dias ou até meses após as eleições. Neste caso, o pleito poderiam ser anulado, embora restasse ao clube recorrer da decisão.

Mas Garcia promete ainda se antecipar e afirma que seus advogados juntaram razões que podem fazer com que ele peça a suspensão das eleições de sábado, uma vez que várias medidas administrativas e estatutárias relativas às eleições não foram cumpridas pelo clube,
pela Comissão Eleitoral e pelo presidente do Conselho Deliberativo.

FIASCO NA ORGANIZAÇÃO
Há dois aspectos neste imbróglio criado pela Comissão Eleitoral e pelo próprio presidente do Conselho Deliberativo neste caso. A condução e a organização de ambos os órgãos para a realização das eleições foi um fiasco. Legalmente, de fato, há motivos de sobra para uma eventual suspensão da data de realização das eleições. Os erros e desacertos foram inúmeros.

Uma simples afixação pública da lista dos nomes de sócios em condições de voto, 30 dias antes da data das eleições, como ocorreu em 107 anos de existência do Corinthians, não foi obedecida.

A balbúrdia causada pela inclusão pela atual diretoria de quase 1.000 nomes com direito de voto na última hora e depois a retirada, mas não se sabe se de todos, da lista de votantes, foi uma trapalhada digna de filme de pastelão.

A impugnação da candidatura de Roque Citadini, revertida depois pelo Tribunal de Justiça, dando-lhe direito de concorrer e agora como antes um dos favoritos a ganhar a eleição; a própria demora na impugnação de Garcia; a decisão anterior de as eleições serem realizadas com urnas eletrônicas, mas com o comprovante de votação com o nome do candidato escolhido e agora anulada pela Comissão Eleitoral, são exemplos, mas não todos, do que se tornou esta eleição: cômica, não fosse trágica.

Citadini pode ser beneficiado com a decisão

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Eleitoralmente, caso se realize em 3 de outubro e permanecendo a impugnação de Garcia, a eleição, será decidida, entre Roque Citadini e Andrés Sanchez, cujo grupo em 10 anos de poder, nunca foi tão frágil para uma disputa.

APOIO DECISIVO

Um apoio de Garcia a Citadini decide as eleições a favor de Citadini.

Bem, isto no voto a voto, numa eleição limpa, que deveria, por todos os motivos do mundo, ser em cédula de papel, para dirimir qualquer dúvida.

Mas os votos serão “computados” utilizando-se urna eletrônica de uma empresa apresentada pela Comissão Eleitoral há uma semana do pleito. Não foram apresentadas as razões da escolha e se houve concorrência para tal.

Urna eletrônica, método que o grupo de André Sanchez impôs à Comissão Eleitoral e ao presidente do Conselho Deliberativo. O ex-presidente Sanchez, atual candidato e seus correligionários têm predileção escancarada por este tipo de apuração.

É isso aí, Corinthians. Pobre Corinthians.