ESPECIAL GUARANI: Bugre entre frustrações e reconstrução

Entre eliminações, troca de treinadores, pressão política e sonhos adiados, o Guarani viveu um 2025 marcado por instabilidade, reação tardia e indefinições para o futuro.

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Do Paulistão à Série C, Bugre encerra o ano com apenas uma meta cumprida e muitos desafios pela frente.

Campinas, SP, 31 (AFI) – O ano de 2025 ficará marcado como mais um capítulo difícil na história recente do Guarani Futebol Clube. Entre promessas de reconstrução, metas ambiciosas e mudanças constantes, o Bugre atravessou a temporada convivendo com instabilidade esportiva, pressão política e frustrações dentro de campo.

Ao longo do ano, o Guarani disputou três competições: Campeonato Paulista, Série C do Campeonato Brasileiro e Copa Paulista. Ao final da temporada, o clube cumpriu apenas uma das sete metas esportivas traçadas no planejamento anual: a permanência na elite do Paulistão. Todo o restante ficou pelo caminho — alguns por detalhes, outros por erros estruturais que se repetiram.

PAULISTÃO: ELIMINAÇÃO, MAS COM IMPRESSÃO POSITIVA

O Campeonato Paulista abriu a temporada bugrina e, apesar da eliminação precoce, deixou uma sensação menos amarga do que em outros momentos recentes. Inserido no Grupo B, o Guarani terminou a fase classificatória na terceira colocação, com 13 pontos, atrás de Santos e Red Bull Bragantino, que avançaram às quartas de final.

A despedida veio com um empate por 2 a 2 contra o Corinthians, na Neo Química Arena, na última rodada. Em um jogo equilibrado diante da melhor campanha geral do campeonato, o Bugre mostrou competitividade e organização, encerrando sua participação sem a classificação, mas com uma imagem mais sólida para a sequência do ano.

Mesmo assim, o objetivo de chegar à fase final não foi alcançado. A derrota no Dérbi 212, no Moisés Lucarelli, por 2 a 0, também pesou negativamente em um campeonato que tinha como uma das metas simbólicas vencer a Ponte Preta — o que não aconteceu em nenhuma das competições de 2025.

COPA PAULISTA: FRUSTRAÇÃO E CONTAS COMPLICADAS

Na Copa Paulista, o Guarani buscava uma alternativa para voltar à Copa do Brasil, torneio que não disputa desde 2022. Porém, novamente, a campanha ficou aquém do necessário.

O Bugre terminou na quinta colocação do Grupo 3, com oito pontos em dez jogos, e se despediu da competição após um empate por 2 a 2 com o Rio Branco, resultado insuficiente para avançar.

A eliminação deixou o clube dependendo de uma complexa combinação de resultados e heranças de vagas via Federação Paulista para sonhar com a Copa do Brasil de 2026. Com seis vagas destinadas à FPF e a maioria delas já comprometida por clubes classificados via Paulistão ou competições nacionais, o Guarani entrou na chamada “fila de espera”, atrás de rivais diretos, incluindo a Ponte Preta.

SÉRIE C: O SONHO DO ACESSO QUE MORREU NO DÉRBI

A Série C do Campeonato Brasileiro concentrou as maiores expectativas — e também as maiores dores de 2025. Após uma primeira fase irregular, o Guarani reagiu, entrou no G-8 e chegou ao quadrangular final dependendo apenas de si para conquistar o acesso à Série B.

Mas o desfecho foi cruel. O Bugre encerrou sua participação com derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta, resultado que o deixou fora do acesso. O time terminou em terceiro lugar no grupo, ultrapassado pelo Náutico, que garantiu a vaga.

Além da eliminação, o ano ficou marcado por um dado simbólico e doloroso: o Guarani não venceu nenhum dérbi em 2025. Foram derrotas e empates tanto no Paulista quanto na Série C, incluindo os confrontos decisivos do quadrangular, nos quais a Ponte levou a melhor e ainda avançou rumo ao título nacional.

UM ANO DE TRÊS TREINADORES E MUITA INSTABILIDADE

O planejamento inicial previa continuidade, mas a realidade foi outra. O Guarani teve três técnicos diferentes em 2025, reflexo direto da instabilidade esportiva.

Maurício Souza

Iniciou a temporada, mas não resistiu à sequência de sete jogos sem vitória. Em 14 partidas, somou três vitórias, quatro empates e sete derrotas, com desempenho abaixo do esperado. A saída aconteceu ainda no primeiro semestre, junto com membros da comissão técnica.

Marcelo Fernandes

Assumiu o time zerado na Série C e promoveu uma reação importante, chegando a uma sequência de sete jogos de invencibilidade. Mesmo assim, foi demitido após a derrota para o Náutico no Brinco de Ouro. Em 11 jogos, teve 48,5% de aproveitamento. Menos de um mês depois, assumiria a Ponte Preta — e o destino trataria de cruzar os caminhos de forma cruel.

Matheus Costa

Contratado em meio à pressão, foi quem conduziu o Bugre até o quadrangular final. Em 10 jogos, obteve 54% de aproveitamento, o melhor entre os treinadores do ano. Apesar da eliminação, seu trabalho é avaliado positivamente internamente, e a tendência é de permanência para 2026.

PRESSÃO POLÍTICA, ELEIÇÕES E UM FUTURO EM ABERTO

O fracasso esportivo ampliou a pressão fora de campo. Após pichações no Brinco de Ouro e protestos da torcida organizada, o presidente Rômulo Amaro se tornou alvo direto das críticas. A Fúria Independente pediu sua saída e defendeu publicamente a profissionalização da gestão e a adoção de um modelo SAF.

Mesmo sob pressão, Rômulo Amaro foi reeleito presidente do Guarani, após a impugnação da chapa adversária, e comandará o clube no triênio 2026–2028. A nova gestão promete antecipar o planejamento, manter Matheus Costa e estruturar melhor o elenco para o Paulistão e a Série C.

BALANÇO FINAL: APENAS UMA META CUMPRIDA

Das sete metas esportivas traçadas no início de 2025, o Guarani cumpriu apenas uma: permanecer na elite do Campeonato Paulista. Todas as demais ficaram pelo caminho, incluindo acesso, título, classificação e vitórias em clássicos.

O ano termina com frustração, mas também com a sensação de que parte da reconstrução começou tarde demais. Para 2026, o Bugre terá novamente Paulistão e Série C no calendário — e, possivelmente, a Copa do Brasil — carregando a obrigação de transformar aprendizado em resultado.

Em um clube do tamanho do Guarani, sobreviver não basta. 2025 termina como um alerta. 2026 surge como uma necessidade urgente de resposta.