Regra 50+1: como funciona a Bundesliga 2025/26

Entenda como a regra 50+1 mantém o controle dos clubes alemães nas mãos dos sócios.

Entenda a regra 50+1, que marca a Bundesliga 2025/26, e veja como clubes e torcedores fazem a diferença na Alemanha.

Foto: Divulgação/Bayern
Foto: Divulgação/Bayern

Berlim, ALE, 22 (AFI) – A Bundesliga 2025/26 começou nesta sexta-feira com a bola rolando entre Bayern de Munique e RB Leipzig, prometendo arquibancadas cheias durante as 34 rodadas. Enquanto outros campeonatos europeus, como a Premier League e La Liga, já se renderam ao capital estrangeiro, a Alemanha mantém uma tradição única: a regra 50+1. Este regulamento garante que a gestão dos clubes siga nas mãos dos sócios, limitando a entrada de investidores e tornando praticamente impossível a existência de SAFs como as conhecidas no Brasil.

A regra 50+1 está em vigor desde 1999 e é pilar do futebol profissional alemão. O nome faz referência à necessidade de que as associações de sócios detenham, no mínimo, metade mais um voto no controle dos clubes. A medida vale para as duas divisões principais – Bundesliga e Bundesliga 2 – e busca impedir a tomada de decisões por acionistas que priorizem apenas o lucro, protegendo a cultura e o interesse dos torcedores e evitando grandes diferenças nos investimentos entre as equipes.

MELHORES MOMENTOS: FC BAYERN MÜNCHEN 6 – 0 RB LEIPZIG (BUNDESLIGA)

MODELOS DE GESTÃO NA BUNDESLIGA

Cada clube pode adaptar sua gestão, desde que respeite a regra. O Bayern de Munique é exemplo claro: mais de 300 mil sócios detêm 75% do clube, enquanto o restante das ações é dividido entre Adidas, Allianz e Audi, cada uma com 8,3%. O Borussia Dortmund, por sua vez, tem cerca de 170 mil sócios com 4,61% da subsidiária responsável pelo futebol profissional, mas eles também comandam a gestão da empresa que administra 72,27% das ações do clube negociadas em bolsa, mantendo o controle coletivo.

Mesmo clubes fora das duas principais divisões costumam já seguir o modelo, de olho em uma futura promoção para a elite. A diversidade de estruturas é grande: há times totalmente controlados pelos sócios e outros com ações distribuídas, desde que a maioria permaneça nas mãos da associação.

CULTURA TORCEDORA E EXCEÇÕES

A participação ativa da torcida é um dos orgulhos do futebol alemão. Em 2024, protestos dos torcedores foram decisivos para que a Bundesliga desistisse de vender 8% dos direitos comerciais a investidores estrangeiros. Mesmo reconhecendo que o aporte de cerca de 1 bilhão de euros faria diferença, dirigentes reforçaram que a confiança e o engajamento dos sócios são prioridade. Outros modelos de negócio com capital externo continuam em pauta, mirando o crescimento internacional da Bundesliga diante de gigantes como Premier League e Champions League.

Apesar da regra ser quase uma lei no futebol alemão, algumas exceções existem. Bayer Leverkusen e Wolfsburg já eram ligados a grandes empresas antes do regulamento e, por isso, podem ter suas ações compradas por acionistas. O Hoffenheim também ganhou exceção temporária, após décadas de apoio financeiro do empresário Dietmar Hopp, que em 2023 anunciou a devolução do controle majoritário aos sócios, mas segue como principal acionista do clube.

O RB Leipzig representa um caso especial: mesmo controlado por uma empresa de energéticos, conseguiu se encaixar na regra mantendo um quadro de sócios reduzido, composto basicamente por funcionários da companhia. Isso gera resistência entre os torcedores, já que foge da tradição de participação popular tão valorizada na Alemanha.