Estádio da Ponte Preta, Majestoso completa 71 anos e ganha registro histórico

“Convidamos os nove presidentes do clube que ainda estão vivos para que venham ao evento"

“Convidamos os nove presidentes do clube que ainda estão vivos para que venham ao evento"

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Campinas, SP, 11 (AFI) – Conhecer e valorizar a própria história é fundamental, ainda mais em se tratando de um time de futebol que tem tanta história: é o primeiro fundado no Brasil como tal e em funcionamento ininterrupto desde a fundação, a primeira democracia racial no esporte (com integrantes afrobrasileiros tanto dentro quanto fora do campo desde 1900), o único cujo estádio foi construído com a participação direta da própria torcida.

ANIVERSÁRIO

Pois justamente para comemorar o aniversário do estádio Moisés Lucarelli, que completa 71 nos nesta quinta, a Ponte passará a deixar marcado para a posteridade mais uma parte importante de sua história centenária.

“Inauguraremos na noite de quarta-feira, no Salão Nobre Pedro Pinheiro, duas placas diferentes e igualmente importantes. Em uma estão gravados os nomes de absolutamente todos os 56 presidentes que o clube já teve, da fundação até a atualidade. No outro quadro, serão exibidos os nomes de todos os presidentes dos Conselhos Deliberativos, órgão que junto com a Diretoria Executiva é também responsável pelos destinos da instituição. Todos eles deram seu melhor pela Ponte Preta e merecem ser lembrados”, diz José Armando Abdalla Jr, atual presidente da Macaca e ele próprio um ex-presidente do Conselho.

O diretor social alvinegro André Carelli conta que durante a cerimônia de descerramento, que será realizada na quarta-feira para convidados, haverá ainda uma homenagem especial aos presidentes da Macaca.

“Convidamos os nove presidentes do clube que ainda estão vivos para que venham ao evento e entregaremos a eles uma placa especial de agradecimento por tudo que fizeram. Independentemente das conquistas que tiveram e dos obstáculos que precisaram superar, são pessoas que colocaram a Ponte acima de tudo e se dedicaram a ela, por isso merecem reconhecimento”, pontua.

TERCEIRA CAMISA COM SELO

Como não poderia deixar de ser, o evento também homenageará os 71 anos do estádio e será apresentado um vídeo inédito sobre o Majestoso.

“E no dia 12, aniversário do Majestoso e noite de jogo contra o Vila Nova, estrearemos a camisa 3 diante de nosso torcedor com um selo de aniversário do estádio, marcando ainda mais a data. Essa valorização institucional da história da Ponte Preta é importantíssima”, pontua Eric Silveira, diretor de marketing alvinegro.

Único do Brasil que foi construído pela torcida, o Moisés Lucarelli completa neste dia 12 de setembro setenta e um anos anos de funcionamento. Sim, funcionamento, pois a casa da Associação Atlética Ponte Preta foi inaugurada oficialmente em 12 de setembro de 1948.

HISTÓRIA

A história, porém, começou antes disso, quando os amigos Olímpio Dias Porto, José Cantúsio e Moyses Lucarelli (a grafia da época era com y e não com i) reuniram dinheiro para comprar um terreno onde sonhavam construir um grande estádio para seu time.

A obra foi erguida na antiga chácara Maranhão, no bairro Ponte Preta. No local existia apenas uma casinha simples, localizada exatamente onde foi determinado o centro do gramado.

O material de construção foi conseguido junto a amigos, empresários (uma curiosidade: apesar de amplamente difundida, a história de que a maioria destes empresários era paulistana não passa de uma lenda) e da famosa “Campanha do Tijolo”, que teve início após a terraplanagem.

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MOVIMENTOU CAMPINAS

A campanha movimentou Campinas por quatro anos: durante a semana os caminhões da Companhia Vieira estacionavam na rua Barão de Jaguará para receber doações de material e nos finais de semana a torcida – e até jogadores, como Bruninho – trabalhava em mutirão na construção do estádio.

A Pedra Fundamental do estádio foi lançada em 13 de agosto de 1944. Os engenheiros responsáveis pelo projeto foram Alberto Jordano Ribeiro, Eduardo Badaró e Mário Ferraris. No dia 7 de setembro de 1948 foi realizada a inauguração parcial do Majestoso em missa campal, e, no dia 12 de setembro, a inauguração oficial do Estádio que recebeu o nome do patrono Moisés Lucarelli.

Por sinal, Lucarelli era modesto e não queria ver seu nome no estádio: a diretoria aproveitou uma viagem do patrono à Argentina para colocar o nome dele, grafado com “i” em vez de “y”, na fachada do Estádio – hoje tombada pelo Patrimônio Público (em 16 de junho de 2011, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas -Condepacc aprovou o tombamento do bloco da fachada entre as torres do Majestoso, decisão apoiada e aplaudida pela Ponte Preta)..

APELIDO

O apelido do estádio foi dado pelo jornalista Fernando Pannattoni. Na década de 40, quando a obra foi iniciada, Campinas tinha 140 mil habitantes e o estádio previa um local para abrigar 30 mil. A ousadia do projeto levou o jornalista, que publicava a sessão “Campinas Esportiva” no jornal Gazeta Esportiva, a se referir ao estádio como um empreendimento “majestoso”.

Foi ali, nas arquibancadas do Majestoso, que a torcida pontepretana viveu grandes conquistas, comemorou inúmeras vitórias em dérbis, apoiou o time quando ele mais precisou. Nos hoje remotos anos 70, as arquibancadas do estádio chegaram a abrigar mais de 33 mil pessoas em uma partida contra o Santos, em um espaço onde hoje são permitidos 19,2 mil. Parabéns, Majestoso, feliz aniversário!