Confira entrevista exclusiva com o técnico do Guará!

Guaratinguetá, SP, 18 (AFI) – Após ser campeão da Série C do Brasileiro de 2006 com o Criciúma e dirigir o Coritiba em parte da campanha de acesso para a Série A, o técnico gaúcho Guilherme Macuglia chega ao Guaratinguetá para disputar seu primeiro Paulistão. Confira a entrevista exclusiva, concedida antes do treino desta terça-feira:

Como é a filosofia e o modo de trabalho do novo treinador do Guará?
A gente tem um perfil: o Campeonato Paulista é competitivo e temos que montar uma equipe competitiva, aliada à técnica, com bastante obediência tática, para que nós possamos buscar os resultados. Esse é o meu perfil, o método com o qual eu procuro direcionar os treinamentos, visando buscar uma equipe bem compactada nos três setores do campo, com jogadores que saibam jogar com a bola, e sem ela, com a liberdade para mostrarem o que eles sabem realmente.

Em pouco tempo, e com uma nova equipe, você já tem alguma noção de possíveis destaques do clube no Paulistão?
Eu sempre primei pelo coletivo. As individualidades só vão aparecer quando o coletivo funcionar bem. As equipes vencedoras demonstram isso: quando o coletivo é forte, os resultados aparecem. É normal que dentro deste coletivo bem estruturado comecem a aparecer os destaques dentro do grupo. Todos terão oportunidade de jogar, já que é um campeonato onde vamos jogar quarta e domingo, e vai haver problemas de lesões e cartões, tendo que utilizar todo o grupo. Teremos muito cuidado principalmente com aqueles que, momentaneamente não estarão na equipe titular, pois eles definirão a classificação e o futuro da equipe na competição.

O que você pode nos dizer sobre as últimas contratações do Guará, o meia-atacante Odair, que foi treinado por você nas categorias de base do Grêmio e o zagueiro Thiago Gomes, que passou grande parte de sua carreira no Palmeiras?
São jogadores que têm uma base muito boa, formados em equipes grandes, têm potencial, talvez não tenham aparecido nas equipes grandes, mas com certeza aqui terão mais oportunidades. A gente sempre cobra dos atletas para não fazerem daqui uma passagem, mas sempre estarem aproveitando e dar o máximo, principalmente em um Campeonato Paulista, praticamente o principal campeonato estadual brasileiro, e a visibilidade aqui é muito grande. E esses jogadores estão dentro disso.

Você se sente em casa com uma legião de “novos” treinadores sulistas “invadindo” São Paulo, como Mano Menezes no Corinthians, Amauri Knevitz, do São Caetano e Gélson Silva no Barueri?
Sim, nós enfrentamos o Amauri no Campeonato Paranaense este ano, o Gélson dentro da série C do ano passado, ele representando o Marcílio Dias e eu, o Criciúma. Eu e o Mano travamos pelas equipes do interior do Rio Grande do Sul, onde ele trabalhava no Guarani de Venâncio, eu no Pelotas ou no próprio XV de Campo Bom. Nós nos conhecemos e participamos de diversos congressos técnicos. O Mano teve essa oportunidade dentro do Grêmio, soube aproveitar, e, sem dúvida nenhuma vai fazer um belo trabalho no Corinthians. O futebol brasileiro está competitivo, e não só os treinadores sulistas têm se destacado. Nós temos o Ney Franco, o Roberto Fernandes, que inclusive passou pelo Guará e está fazendo um excelente trabalho no Náutico e o Gallo, com passagens por Internacional e Sport Recife. A gente vê treinadores novos surgindo, buscando seu espaço, se aperfeiçoando cada vez mais, muitos deles tem potencial, é uma questão de oportunidade. Tenho certeza que o Campeonato Paulista vai ser bem competitivo e as equipes grandes estão se reforçando visando arrancar bem na primeira competição do ano.

Qual a sua principal alegria na carreira futebolística, envolvendo tanto a de jogador como a de treinador?
A personalidade forte é também uma marca do “treinador” Macuglia?
A gente estava conversando com o Goiano (Luis Carlos Goiano, auxiliar técnico do Guaratinguetá), que é muito amigo do Felipão (Luis Felipe Scolari, técnico da seleção portuguesa), que inclusive ligou para ele hoje, e a gente sabe que, como atleta, é bem diferente. O Goiano também está começando e amadurecendo dentro da carreira como treinador. A gente está aprendendo a cada dia que passa. É claro que a gente é bastante exigente na hora do trabalho, fora dele somos amigos de todos, mas a cobrança tem que acontecer. Os atletas têm que entender que a responsabilidade da comissão técnica é muito grande, e tem que haver o respeito profissional também entre eles, do companheiro que vai entrar no lugar ou de uma movimentação tática que não foi cumprida. São coisas que a gente tem que passar o jogador, mas no início da carreira a gente tinha uma maneira diferente. Eu estou há 16 anos como técnico, e com o passar do tempo a gente vai adquirindo experiência e já sabe como lidar mais com um grupo de atletas, da maneira como a gente gostaria ter sido tratado, mantendo a integridade do grupo, um bom dia-a-dia para poder alcançar os resultados.

Eu tive a oportunidade de disputar uma final de Libertadores pelo Grêmio, para onde eu fui com 15 anos, e fiquei sete anos dentro do clube, envolvendo categorias de base e equipe profissional. Também tive o convite para participar da final do Mundial Interclubes em Tóquio, mas tinha um problema de legislação, de contrato, onde eu tinha até opção de vir para o Guarani de Campinas, e para o Internacional. Eu estava desgostoso com a diretoria do Grêmio em função de ter me emprestado e eu achava que tinha condição de ficar na equipe profissional, e por eles acharem que eu era muito novo. Eu tinha uma personalidade muito forte, não aceitava uma condição sendo que eu me sentia bem. O título de Tóquio em 83, portanto, por questão de proposta eu não fui . No ano seguinte, ainda como atleta, chegamos à final da Libertadores novamente, mas perdemos para o Independiente, e ali foi o maior momento da minha carreira como atleta profissional.

Você fala de Muricy Ramalho, Ivo Wortmann e Paulo Paixão como referências de sua vida profissional. O que pode nos dizer sobre cada um deles?
E por coincidência o Muricy é o técnico da primeira equipe que seu time enfrentará no Paulistão.
A gente já até brincou com relação a isso, de nós começarmos bem e eles começarem a buscar os objetivos deles após a nossa partida. Sem dúvida nenhuma será um grande jogo. A gente sabe o que a equipe do Guará pode render perante o torcedor e temos um respeito pelo São Paulo, pela estrutura, pelos profissionais que tem lá, pelo grupo de jogadores. Mas eu acho que o que determinará um bom resultado na partida é essa vontade que tem os jogadores de buscar um caminho dentro de um campeonato muito difícil, que é o Paulista.

O Paulo Paixão eu conheci dentro do Grêmio, na época que ele era preparador físico do clube, em 2000. O Ivo Wortmann foi o meu primeiro treinador, onde fomos campeões de seleções, que era um campeonato entre seleções estaduais no início da década 80, com o Ivo no começo da carreira, e foi uma pessoa que trocou muitas informações comigo. Eu conheci o Muricy em uma final de campeonato onde decidimos o título gaúcho de 2003, entre o XV de Campo Bom e o Internacional. Nós havíamos eliminado o Grêmio e fizemos a final, sendo vice-campeão. Era a primeira equipe grande do Muricy como técnico após a primeira passagem pelo Morumbi, e com uma necessidade enorme de ganhar títulos. A partir daí, criou-se uma amizade e trocamos informações sobre atletas e sobre o momento. Eu tive também a oportunidade de trabalhar com ele em 2005, por comodidade de estar perto da família, ele na equipe principal e eu na equipe B do Inter. São amizades que criamos no “mundo da bola” e temos que preservar, pois cada dia a gente aprende mais.

O que você está achando da estrutura do Guará?
Deixe seu último recado para o torcedor guaratinguetaense.
Com certeza a gente já notou que a torcida acompanha, nós vimos quase todos os jogos do Guará em 2007 no Campeonato Paulista e na decisão pelo título do interior. É uma torcida que está se formando, e o crescimento é grande. Podem ter certeza que trabalho e esforço não vão faltar e a intenção é fazer com que o Guará possa dar um passo maior do que este ano dentro da competição estadual e aumentar essa visibilidade e o reconhecimento que tem o Guará hoje no cenário nacional. A gente sabe que o clube está em uma fase de crescimento, a cidade é muito simpática. Eu nasci em cidade do interior também, com cem mil habitantes, que é Ijuí (RS), onde o Dunga e o Paulo Bonamigo, que também é técnico, nasceram, sendo um celeiro de atletas no interior gaúcho. A gente sabe que o Guará tende a crescer em termos de estrutura, como a construção do centro de treinamento, mas as condições de trabalho são boas. A direção não mede esforços no sentido de proporcionar o melhor para nós, e ficamos contentes com o início do trabalho. O clube-empresa é uma maneira diferente do que um clube dirigido por um presidente e um conselho por trás, porque o clube-empresa procura o rendimento máximo, porque há um investimento e tem que haver retorno, até em um espaço menor, mas aqui, pelo início a gente percebeu que o pessoal dá toda a tranqüilidade para o nosso trabalho, mas estamos ansiosos para que comece logo o campeonato porque estamos muito esperançosos com esse grupo de jogadores.