Filho inconformado com troca de nome de estádio do Braga

Bragança Paulista, SP, 08 (AFI) – A reportagem do Portal Futebol Interior acompanha a repercussão sobre a troca de nome do Estádio Marcelo Stéfani para Nabi Abi Chedid. A família Stefani já entrou em contato com advogados para orientação sobre as atitudes que poderão, se necessário, tomar, buscando no mínimo a reconsideração do atual presidente Marco Abi Chedid.

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“Foi uma “surpresa” desagradável esta atitude autoritária do Marquinhos e esperamos uma reconsideração. Não somos contra as homenagens aos ex-presidentes, colabores etc, somos até favoráveis, mas não podemos admitir que simplesmente tomem atitudes em benefícios pessoais, atingindo outros” confirmou Marcelo Stéfani Junior.

Mais história:
Em exclusividade, o filho de Marcelo Stéfani entregou uma matéria datada de 28 de janeiro de 1980 feita pelo saudoso repórter Arthur Maria e o jornalista Vagner Azevedo, titulando: Marcelo Stefani: um nome gravado na história do futebol.

Nascido no bairro do Matadouro em 1911, ele foi um exemplo de esportista, cujo nome está gravado na história futebolística desta cidade, pois o estádio do glorioso Bragantino possui o seu nome (ou possuía), numa homenagem das mais justas.

Marcelo iniciou sua carreira em 1920, correndo atrás da bola, no quintal da sua casa, onde hoje se localiza o campo do Legionário. Posteriormente foi para o Colégio Sagrado Coração de Jesus de São Paulo, onde permaneceu por quatro anos, aliando estudos as condições de titular da equipe do estabelecimento como centroavante.

Em fins de 29 retornou a Bragança e no ano seguinte já integrava a equipe do América, o famoso Galo Azul. Mas ficou pouco, pois logo o seu futebol despontou de forma brilhante e Marcelo foi transferido para o Clube Atlético Bragantino, saindo em 1931 e indo para o Gimnny Club.

No Bragantino foi um dos principais elementos, recebendo total apoio de todos. Voltou posteriormente ao alvinegro, onde fez amizades com os irmãos Julio e Guan Vilchez, só deixando o Leão em 1947.

Convites para jogar no Rio
Marcelo também teve grandes oportunidades em times da época. O esportista o convidou, juntamente com o Gentilão, para treinar no Fluminense, Flamengo e principalmente no Vasco da Gama.

Emissários foram enviados a Bragança na ocasião e o presidente do Bragantino, José Lamartine Cintra, dizia a todos eles que um poderia ser, mas que o outro, no caso Marcelo, teria que acontecer uma conversa com o próprio jogador.

O São Paulo também quis Marcelo, que chegou inclusive a treinar, mas não se ambientou. Em verdade o Marcelo não queria deixar o Bragantino onde, além de jogado, era também diretor.

Saudade
Grandes amigos ele teve: eecordando-se de Universo, Donato, Beto Ninni, Paulo Acedo, Vicente, Julio e Guan Vilchez.
O quadro e a seleção

O quadro que deixou saudades, já no estádio com seu nome, foi este: Helio; Gentilão e Marcelo, Cassununga, João Valle e Turíbio, Edil, Natalino, Mingo Acedo, Julio e Guan.

A sua seleção de todos os tempos esta assim formada: Helio; Gentilão e Marcelo, Cassununga, Antunes e Turíbio; Edil, Natalino, Vicente Perez, Julio Vilchez e Osvaldo Arruda. Além de brilhante como jogador, Marcelo era também um excelente dirigente, tendo ocupado a presidência do Bragantino por oito anos. Até 1940, a sua diretoria era formada por elementos de gabaritos, entre eles: Julio Vilchez, Luis de Moraes, Salul Bertolutti, Ângelo Marchesoni e Jose Galasso.

O Marcelo presidente

Já naquele tempo, quando a necessidade apertava e o time era obrigado a trazer jogadores de fora, o clube pagava as passagens, além de uma quantia em dinheiro.

Havia ainda a campanha do vintinho promovida pela diretoria. Quando todas as despesas estavam pagas e sobrava algum dinheiro, os diretores a titulo de gratificação, davam mais uma quantia para os jogadores que precisavam trabalhar, pois treinavam e jogavam sem nada receber. O dinheiro servia apenas como incentivo. A prefeitura municipal desapropriou um terreno da família Zago para a construção do campo do Bragantino. Após melhoramentos feitos pela diretoria do clube, sua conservação e outras coisas mais, o Gimnny Club insistia em querer se utilizar do campo, por considerar o local como um próprio da municipalidade. Brigas surgiram.

Como surgiu o nome do estádio?

A política entrou em questão e a corrente ligada a Marcelo Stefani (o campo estava interditado por ordem de Silvio Magalhães Padilha, então o interventor de esporte de São Paulo) conseguiu vitoriar-se nas eleições municipais ocupando cinco cadeiras na Câmara. Desta forma, a lei de doação do Bragantino foi aprovada, ficando o clube de posse definitiva do estádio.

Pelo trabalho desenvolvido, os companheiros resolveram dar o nome ao estádio de Marcelo Stefani, numa merecida e justa homenagem a quem muito fez pelas cores do alvinegro.

Uma vida cheia de dedicação, vida, amor, sacrifícios, assim foi a de Marcelo Stefani, que alem de craque, era um apaixonado pelo Bragantino. Justíssima a colocação de seu nome no estádio do Leão, hoje um dos melhores do interior do Estado.

Marcelo é o símbolo de uma geração de grandes futebolística que possui Bragança. Nesta simples página o reconhecimento dos esportistas de hoje, pelo muito feito no passado.