O Herói e o vilão, uma tênue diferença
O Herói e o vilão, uma tênue diferença
Quando se estreou na baliza do Botafogo frente ao Fluminense, o jovem guardião Júlio César Jacobi – ex- Paraná logo tratou de demonstrar os seus dotes defendendo uma grande penalidade.
Chegado no mercado de Janeiro ao Belenenses esperou até surgir uma oportunidade. E entre lesões e castigos ao guarda-redes titular, eis que chega a altura de defender as redes do tradicional clube de Belém, um dos mais tradicionais e históricos da cidade de Lisboa.
A sua hora chegara, o brilho e a atenção dos holofotes da fama chegaram na 25ª jornada da Liga Portuguesa ao defender duas grandes penalidades no mesmo jogo.
Ok, nós sabemos que a fama que o precede não abonava em nada a seu favor: basta ver alguns lances em que é o personagem principal no site Youtube em que o mínimo que se pode dizer é que foi vítima de algum azar com penas à mistura.
Mas o homem que evitou, ou melhor, adiou o golo 1000 a Romário teria a sua hora de glória nos lusos estádios de futebol. 86 minutos de jogo e o Belenenses vencia fora a equipa do Leixões, equipa aguerrida que faz de cada jogo uma demonstração da alma e fervor clubista dos seus fanáticos adeptos.
Penalty assinalado a favor da equipa de Matosinhos, cidade dos arredores do Porto. Avança Roberto ex- Juventus SP e Vila Nova. ponta de lança dos homens da casa e exímio marcador de golos, segura a bola e bate colocado para um dos lados. Felino Júlio César voa e defende a bola e provocando a primeira explosão de alegria da sua torcida.
Últimos instantes do jogo, já no período final dos descontos dados pelo árbitro: novo penalty a favor do Leixões e a hipótese final da equipa da casa empatar o jogo.
Roberto sem confiança foge. Ninguém da equipa da casa demonstra coragem para bater o decisivo lance da partida: uma grande penalidade que representaria um ponto precioso para as contas da fuga aos últimos lugares.
Jaime Júnior da Silva, jovem natural de Belém mas de PR, Brasil, assume a responsabilidade. E debaixo dos aplausos dos adeptos da casa, tenta uma das mais espectaculares, mas também mais difícil forma de marcar um penalty: a Panenka, no Brasil chamado de “cavadinha”, com a bola devagarinho em direcção a baliza adversária na esperança que o goleiro já esteja caído no chão e definitivamente batido.
Júlio César não entra no jogo, espera pela bola, defende a sua segunda grande penalidade consecutiva no jogo, que parece agora ter sido marcado de forma displicente, tal a importância do lance, pelo infeliz apupado jovem avançado brasileiro.
O guardião é eleito à categoria de herói e destaque nos jornais desportivos do dia seguinte, Jaime vê o seu contrato rescindido e termina a ligação ao clube de Matosinhos.
Aqui se prova como é ténue a fronteira entre a glória e a exumação.
Abraço Lusitano






































































































































