Nove mil bilhetes para o Dérbi 206; então o 'que mais'?

Cabe parafrasear o clichê do saudoso jornalista Brasil de Oliveira quando perguntava: 'que mais'?. São os últimos dias antes do Dérbi 206.

Vaias do torcedor mandante? Foi-se o tempo que boleiro tremia com o caldeirão. Hoje, parece surdo para aquele barulho ensurdecedor.

dérbi 206 - Brinco de Ouro
Beto Zini: dirigente histórico do Guarani

BLOG DO ARI

Campinas, SP, 31 (AFI) – Afora esta informação consistente da diretoria do Guarani, que nove mil bilhetes já foram adquiridos para o dérbi da noite de sábado, no Estádio Brinco de Ouro, cabe parafrasear o clichê do saudoso jornalista Brasil de Oliveira quando perguntava: ‘que mais’?

Antigamente escondia treinos na véspera e antevéspera do jogo, mas hoje o esconderijo não tem prazo para terminar, sejam quais forem os adversários de Ponte Preta e Guarani.

Tempos em que a equipe visitante já chegava uniformizada nos vestiários do mandante, e lá ficava o mínimo de tempo possível, pois o infestavam com mau cheiro, enquanto hoje todos, indistintamente, fazem aquecimentos no gramado.

Vaias do torcedor mandante? Foi-se o tempo que boleiro tremia com o caldeirão. Hoje, parece surdo para aquele barulho ensurdecedor.
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PLACAR ELETRÔNICO

Tempos em que o placar eletrônico do mandante distinguia o adversário como visitante, devido à recusa de se colocar o nome do clube.

Que tolice!

Tempos em que concentrações dos jogadores começavam na antevéspera do dérbi, mas admitia-se a presença de repórteres setoristas para as habituais entrevistas.

Hoje? Contente-se com aquela coletiva de ‘fachada’ nas salas de imprensa dos respectivos clubes, cada qual com direito a uma pergunta e sem manifestação de réplica, mesmo que o entrevistado responda sobre ‘A’, quando a pergunta tem referência a ‘B’.

BETO ZINI

Tempos em que o ex-presidente bugrino Beto Zini prometia e cumpria para a boleirada triplicar o valor do bicho em caso de vitória.

Quando ela ocorria, o combinado de cumprimento da promessa era que chutasse uma bolsa estrategicamente colocada no vestiário, e em um dos chutes quase perdeu o dedão do pé.

Tempos em que o saudoso bugrino Hilário – que sequer perdia treinos no Estádio Brinco de Ouro -, dirigia-se aos portões principais do Estádio Moisés Lucarelli, em jogos contra o rival -, mesmo com a opção pela entrada defronte à linha férrea.

Hilário fazia questão de percorrer toda extensão do alambrado defronte as vitalícias, mesmo xingado pelos pontepretanos.

Foram tempos em que provocação se traduzia em xingamento, diferentemente dos vândalos que até agendam brigas entre rivais pela Internet.

CONCEIÇÃO

Quanta falta faz a torcedora símbolo da Ponte Preta – a Conceição -, durante o período de dérbi.

Ela confessava espontaneamente noite mal dormida à véspera do confronto, e as mãos trêmulas delas eram o maior testemunho de como eram angustiantes aquelas ocasiões.

Bons tempos que nas redações de jornais e rádios prevaleciam pautas sugestivas pré-dérbi.

Quase tudo mudou com o passar dos anos, menos a paixão dos torcedores para os seus respectivos clubes.

Menos, também, jogo picotado, com excesso de faltas, e raramente terminando com 22 jogadores em campo.

Em meio a tanto mudança na bola, trabalho, comportamento e política, até imagens geradas pelas câmeras do Ministério da Justiça, sobre os atos de oito de janeiro passado, quando da invasão de prédios públicos, dizem que foram apagadas, quando requisitadas pela CPMI do Congresso Nacional.

Que mais?

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