Mão de obra brasileira é motor da Copa do Mundo no Catar

Muitas empresas brasileiras ajudaram nas obras para o Mundial de Seleções.

Empresa de brasileira reuniu mais de 1.200 motoristas, alguns deles vindos do país.

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Mais de 30 mil imigrantes foram contratados para as obras no Catar.

Campinas, SP, 21 – Não é só em campo que o Brasil espera fazer bonito na primeira Copa em um país do Oriente Médio. Fora dele, um time de cerca de 300 brasileiros vem ajudando a construir o torneio no Catar nas mais diferentes funções e em cargos de liderança.
São profissionais que adquiriram experiência na realização de megaeventos esportivos e culturais no Brasil e viajam pelo planeta como mão de obra especializada na Fifa, no Comitê Organizador Local, nos torneios e em empresas privadas de logística, hospitalidade, marketing esportivo e consultoria. Alguns vivem por lá desde antes de o emirado ser escolhido como país-sede do Mundial; outros chegaram recentemente.

A carioca Patrícia Rezende, de 60 anos, ama tanto uma Copa do Mundo que resolveu nascer no ano de uma delas. Foi na edição do Chile, em 1962, que ela veio ao mundo e herdou a paixão pelo torneio do pai, João. Por 40 anos, trabalhou e teve uma empresa de turismo e eventos e, em 2019, decidiu que queria ser autônoma.

“A primeira Copa que fiz in loco foi a da Itália, em 1990, trabalhando com logística de acomodação. Quatro anos atrás, conversando com amigos sobre meu desejo de trabalhar mais por conta própria, recebi o convite para trabalhar na Pretorian Logística, empresa brasileira com sede em Doha e que possui uma frota de mil veículos de luxo (carros e vans) para o transporte de clientes durante o Mundial.”

A gerente de projetos explica que a operação da empresa é toda feita por brasileiros e, para dar conta da alta demanda, cadastraram 1.200 motoristas, sendo dez vindos do Brasil, com três mulheres que dirigiam vans no Rio de Janeiro, e países da África e da Ásia. “Temos um desafio enorme aqui porque os clientes não precisam ser levados apenas aos jogos. Muitos terão reuniões de negócios no Catar, querem se deslocar para restaurantes, experiências. Imagine manter uma frota desse tamanho de veículos abastecidos, limpos e com manutenção em dia num curto espaço de tempo?”

ESPECIALISTAS
O Catar também conta com o suporte de outras empresas nascidas com DNA 100% brasileiro. É o caso da Arena, que conta hoje com 100 pessoas no país do Golfo Pérsico, e opera em duas frentes: com funcionários que trabalham internamente e outros que são recrutados para operações de clientes, como o Comitê Organizador Local.

O negócio surgiu em 2007, e começou a ganhar corpo a partir da sociedade entre o engenheiro Pedro Lima e o arquiteto Carlos de la Corte, ambos de São Paulo. Carlos, que possui doutorado em arquitetura esportiva de megaeventos, trabalhou nos Jogos Pan-Americanos do Rio, Copa de 2014 e Comitê Local da Olimpíada de 2016 nas áreas de instalações temporárias, como tendas e pisos. Ele conta que prestou consultoria ao Mundial sub-17 e Copa América de 2019, ambos realizados no Brasil, e no Comitê da Copa da Rússia.

Enquanto o Catar preparava sua candidatura para concorrer como sede do torneio de 2022, também foi consultor da Fifa na revisão dos projetos dos oito estádios. Já Pedro, que vive em terras catarianas desde 2013, quando foi convidado a trabalhar em uma companhia de engenharia, vem atuado na construção da infraestrutura do atual país-sede da Copa do Mundo, como o Aeroporto de Doha, o novo porto e rodovias que precisaram sair do zero para conectar o Catar de norte a sul. “Essa é uma Copa muito diferente, pois quase tudo precisou ser construído aqui. Quando cheguei aqui, as condições de trabalho dos chamados de blue color, o trabalhador assalariado, eram pouco favoráveis”, aponta.

A entidade máxima do futebol também valoriza a mão de obra especializada formada no Brasil. O mineiro Ricardo Trade, que é descendente de libaneses, esteve sete vezes no Catar como consultor do Comitê Local antes de assumir a função de chefe executivo de operações do torneio, em junho de 2021. “Cuido, junto com uma equipe, desde operações nos estádios, como entrada e saída de torcedores, de mídia, de segurança, logística e alimentação. É uma área incrível e há gente do mundo inteiro ajudando.”

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