Colégio de São Paulo cria álbum de figurinhas da Copa com os alunos como craques

Febre entre jovens e adultos, as figurinhas se tornaram quase uma obsessão nos últimos meses

Um colégio de São Paulo utilizou os álbuns para engajar os alunos nas aulas e atividades do semestre

Colégio de São Paulo cria álbum de figurinhas da Copa com os alunos como craques
Foto: Reprodução

A menos de um mês para o início da Copa do Mundo do Catar, um hábito ainda toma conta das escolas no Brasil: a coleção do álbum de figurinhas do Mundial. Febre entre jovens e adultos, ela se tornaram quase uma obsessão nos últimos meses, inclusive nas escolas. Sempre em busca de alternativas para facilitar o aprendizado das crianças – especialmente nos primeiros anos do ensino fundamental -, um colégio de São Paulo utilizou os álbuns para engajar os alunos nas aulas e atividades do semestre, mas com um diferencial. Em vez de Neymar, Mbappé, Cristiano Ronaldo, Messi e todos os craques do Mundial, os alunos são os protagonistas da coleção.

Essa história acontece no Colégio Marista Glória, localizado no bairro do Cambuci, em São Paulo. Além do clima de Copa, a ideia surgiu a partir de um livro paradidático, chamado “Nós Cinco”. A professora Ana Paula Tavella Machado, de 39 anos, percebeu a correlação entre as produções e como poderia utilizá-las na sala de aula com seus alunos do primeiro ano do ensino fundamental.

“O livro trata das características especiais de cada personagem. Cada um com sua individualidade”, diz a educadora ao Estadão. Com a febre das figurinhas, o projeto concilia o tema do livro com o álbum da Copa do Mundo. “As crianças passam a ser protagonistas da coleção e tem sua história registrada nas páginas da coleção.”

Na coleção da Panini, as figurinhas trazem informações dos atletas, como peso, altura, data de nascimento e ano de estreia pela seleção. No Colégio Marista, as crianças também terão algumas curiosidades sobre elas, mas com o foco na diversidade e singularidade dos alunos. Em vez das características, os gostos de cada criança estão registrados no álbum, como cor, comida, brincadeira e animal favorito, além da principal habilidade – jogar bola, correr ou fazer pintura, por exemplo.

“Cada um dos alunos foi responsável por entrevistar seus colegas e descobrir suas individualidades”, conta Ana. Essa atividade, além de colocar os alunos como protagonistas da coleção, também cria laços entre eles. “As crianças podem olhar as figurinhas e falar: ‘nossa, ele se parece comigo, temos algo em comum’ e começar uma amizade.”

COMO SERÁ O ÁLBUM

Ao todo, serão 110 alunos e o colégio irá produzir 16 mil figurinhas. Para completar o álbum, eles terão de concluir atividades e ser participativos nas aulas para ganhar os pacotes de figurinhas. “Nós também iremos promover bancadas para eles trocarem suas figurinhas”, conta a professora. Além de seus cromos, a coleção também traz a história do colégio, que completa 120 anos em 2022, e de profissionais da pastoral, da limpeza e do refeitório. “O nosso principal objetivo é ensinar, através deste projeto, o respeito e as missões do Marista.”

“O que seria do mundo se todos gostassem das mesmas coisas?”, diz o prefácio do álbum, impresso pelo colégio em uma gráfica particular. A partir desta semana, as crianças poderão trocar internamente seus cromos. O colégio não chegou a contatar a Panini sobre o projeto.

Assim como no álbum oficial, seis seleções estão representadas nas páginas da coleção. Escolhidas pelos próprios alunos, Senegal, Suíça, Dinamarca, Canadá, Japão e Portugal foram as equipes escolhidas – e ganharam seus próprios apelidos: Brasinegal, Suimarista Dinamáquina, Vencedores do Canadá, Japamigos e Portoglória, respectivamente.

“A recepção dos alunos foi muito positiva. Eles não veem a hora de começar a colecionar e trocar as figurinhas entre seus amigos.” Ana também afirma que as meninas foram as que mais se empolgaram com a novidade. “Muitas delas não tiveram o seu próprio álbum da Copa, então se animaram com a possibilidade de colecionar as próprias figurinhas, sem dividir com ninguém da família.”

Além das ações no presente, como o ensino de alguns valores, Ana conta que o álbum pode ser usado como um registro da memória (uma cápsula do tempo) para os alunos no futuro. Hoje, eles têm uma média de seis anos de idade. “O legal é que, com o álbum completo, eles revejam seus gostos daqui 20 ou 30 anos. ‘O que mudou? O que eu ainda gosto? De quem eu me aproximei?'”, afirma.

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