Abertura do Pan de Santiago é simples, com música, folclore, história e emoção

Os ex-tenistas Nicolas Massu e Fernando González, ao lado de Lucy Lopez, de 93 anos, do salto em altura, acenderam a Pira Pan-Americana.

PAN 2023

Campinas, SP, 20 – A abertura dos 19º Jogos Pan-Americanos, nesta sexta-feira, em Santiago, no Chile, primou pela simplicidade, história e emoção. País-sede pela primeira vez na história, os anfitriões deixaram a pirotecnia e os grandiosos e caros espetáculos de lado para se dedicar a mostrar sua história ao continente. A cerimônia de abertura com 38 mil presentes contou com música, dança, folclore, e discursos para elevar a autoestima local. “O Chile é onde começa o mundo.” Os ex-tenistas Nicolas Massu e Fernando González, ao lado de Lucy Lopez, de 93 anos, do salto em altura, acenderam a Pira Pan-Americana.

A cerimônia foi organizada pela diretora artística Lida Castelli e o diretor criativo Hansel Cereza, que já trabalhou para o Cirque de Soleil. O elenco contou com 413 voluntários para representar as 39 modalidades, sendo 33 que darão vagas para Paris-2024. A festa começou com o cair da noite em Santiago, com a contagem regressiva e depois o hasteamento da bandeira chilena, passando pelo desfile das 41 delegações – aproximadamente 7 mil atletas estarão na busca por medalhas – sob a canção oficial da competição, em Santiago.

O tradicional grito de “chi, chi, chi, le, le, le” precedeu a abertura no Estádio Nacional do Chile, que passou um ano fechado justamente para receber a festa do esporte das Américas pela primeira vez. Jamais um Pan-Americano havia sido realizado no Chile em 18 edições. Entre as 39 modalidades que estarão em disputa em Santiago, skate, escalada e breaking são as novidades.

A contagem regressiva veio com imagens históricas e pontos turísticos do Chile. O frisson nas arquibancadas mostrava o orgulho do país em ser, finalmente, sede do Pan. O início da festa veio com um solo de bateria da percussionista local Juanita Parra, da banda Los Jaivas. O humilde show de luzes e efeitos simulou fogos de artifício para das as boas-vindas às delegações. O Brasil, representado pelos porta-bandeiras Luiza Stefani, do tênis, e o nadador Fernando Scherer, contará com 633 atletas sonhando em colocar o País na segunda colocação geral, atrás somente dos Estados Unidos.

Constanza Wilson foi a responsável por cantar o hino nacional do Chile, ao lado da banda militar. A emoção começou a dar tom a festa neste momento. A cantora foi aplaudida de pé. As luzes se apagaram, e na volta, artistas começaram para valer a cerimônia. Com ritual de dança e movimentos, o primeiro dos 10 atos previstos trouxe o baile dos mundos, com 48 coreógrafos e um pouco da história das aves chilenas.

Depois, vieram os representantes das regiões dos anfitriões. 100 artistas de nove diferentes grupos folclóricos encenaram os bailes tradicionais chilenos e demonstraram um pouco sobre os povos ancestrais, de origens africana, espanhola, italiana e indígena (os Mapuches), com a alegria sempre marcante em belos sorrisos.

Blocos formaram o mapa chileno no centro do estádio, com as diversas culturas representadas para saudação ao público, sempre com muita dança e felicidade. A atriz Amparo Noguera fez um discurso ressaltando as características do país. “O Chile, hoje, abraça todo o planeta, é onde começa o mundo”, discursou, emotiva e deixando olhos embargados.

Após 37 minutos, foi anunciada a entrada dos atletas. Dos 7 mil que irão disputar o Pan, eram esperados 4141 na cerimônia de abertura. A delegação argentina abriu a entrada das delegações. A Guatemala foi como “atletas independentes” por causa de problemas políticos. Puxados por Luisa Stefani e Fernando Scheffer, os brasileiros entraram com cantoria e o famoso “eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.” Logo depois veio o Canadá, principal candidato pela segunda posição no geral.

Mesmo com a proibição da lotação máxima das arquibancadas – um espaço ficou reservada para a acomodação das delegações -, os presentes fizeram enorme festa, com direito a “ola” e show com as luzes dos celulares. O Chile, como é tradição, fechou a entrada das nações no gramado sob muito apupo e aplausos. Com seu filho bebê no colo, o jovem presidente chileno, Gabriel Boric, demonstrava enorme satisfação e orgulho com seus atletas e acenava para todos.

As 41 bandeiras dos países da disputa foram posicionadas e as arquibancadas foram iluminadas com as cores do Chile. A rapper Ana Tijoux cantou a música oficial do Pan de Santiago, A la Cima, acompanhada do grupo de hip hop Movimiento Original.

Com a cerimônia caminhando para seu encerramento, o Ministro dos Esportes, Jaime Pizarro, e o presidente da Panam Sports, Neven Ilic discursaram, declarando aberta a competição.

“Tenho a honra de dar o pontapé inicial aos 19º Jogos Pan-Americanos de Santiago. Todos sejam bem-vindos a esta cerimônia. Vamos compartilhar o companheirismo e a humildade. Levamos na alma a superação. No Chile, caímos e sempre nos levantamos. Este é o espírito no Chile e o que quero que cada um leve nos seus corações”, disse Pizarro. “O Chile oferece sua casa como um ponto de encontro das Américas. Começa a festa mágica, se abraçam os continentes para este momento. Sintam-se em casa. Recebemos vocês com corações e braços abertos.”

“Sejam todos bem-vindos. Quero saldar o presidente da república, Gabriel Boric, e agradecer por todo o trabalho. E também a todos os dirigentes esportivos por esta festa. Obrigado a todos por fazerem parte desta festa dos esportes americanos. E a todos os profissionais por nos proporcionarem esta grande competição. É um honra entregam Santiago a todos os atletas das Américas”, completou Ilic. “Obrigado Chile por essa ocasião. Vamos fazer de Santiago uma grande sede e que viva os Jogos Pan-Americanos.”

Boric também falou. “Boa noite, Chile. Com muito orgulho e alegria, estão oficialmente inaugurados os Jogos Pan-Americanos.” As bandeiras Olímpica e Pan-Americana foram conduzidas ao centro do estádio por grandes campeões chilenos da história. O ginasta Tomás González foi o mais ovacionado. Após o hino do esporte Pan-Americano e o olímpico, Catalina Soto, do ciclismo, falou pelos atletas chilenos. Também teve discurso de representante da arbitragem, sob juramento de imparcialidade, e dos treinadores, prometendo o jogo limpo, com respeito e cuidado ao planeta.

o aguardado momento estava chegando. Após mais um vídeo mostrando as quatro belos cantos do Chile, veio uma breve, delicada e bonita apresentação artística representando o Oceano e os Andes. A jovem Amanda Ramírez conduziu uma dança acompanhada de calma música antes de o grupo Los Jaivas levantarem o público.

Os chilenos apresentaram a caminhada do fogo olímpico, que veio desde o México, até a chegada no estádio Nacional. Às 22h33, ela adentrou o palco da festa. “Um povo sem memória é um povo sem futuro”, eram os dizeres por onde a tocha chegou. A chama foi compartilhada pelos medalhistas pan-americanos do país. Ícone do futebol chileno, o atacante Ivan Zamorano participou da caminhada, que ainda teve os campeões olímpicos Fernando González e Nicolas Massu. Às 22h39, o fim do mistério. Os ex-tenistas e Lucy Lopez, prata em Buenos Aires-1951 acenderam a pira Pan-Americana.