Sem Cristiano Ronaldo, Portugal bate a França no tempo extra e vence a Eurocopa 2016

Herói improvável, o atacante Éder calou todo um país com um chute cruzado de perna direita

“É algo que estava escrito e podia ser um filme”, disse o emocionado zagueiro português José Fonte na coletiva após a partida.

0002050179860 img

Campinas, SP, 13 (AFI) – “É algo que estava escrito e podia ser um filme”, disse o emocionado zagueiro português José Fonte na coletiva após a partida. Essa frase é a que melhor resume o que aconteceu no Stade de France na tarde do último domingo (10). Um roteiro digno de cinema. Desacreditada por todos, a seleção de Portugal chegou na final da Eurocopa 2016 para encarar a boa seleção da França, em Saint Denis. O time português viu Cristiano Ronaldo sair machucado aos 20 do primeiro tempo, e mesmo assim buscou forças para brecar o ímpeto francês e marcar um gol na prorrogação. Herói improvável, o atacante Éder calou todo um país com um chute cruzado de perna direita. Portugal venceu por 1 a 0 e conquistou o título.

Que dia para os amantes do futebol! Foi o primeiro título importante da história de Portugal no esporte, uma conquista a qual havia batido na trave há 12 anos, em um fatídico duelo contra a Grécia, em 2004. Azarões ao longo do torneio, os gregos calaram um Estádio Da Luz completamente lotado e venceram a Euro em solo português. Quem diria que, 12 anos depois, seria Portugal quem venceria os donos da casa por 1 a 0. Coisas do futebol.

Éder, o herói improvável

Éder, o herói improvável

Cristiano Ronaldo era o único jogador que estava em campo nas duas ocasiões. Em 2004, ainda uma jovem promessa – aos 19 anos – mas no duelo de ontem, o principal protagonista. CR7 ficou pouco tempo no gramado, mas mesmo assim foi um dos principais destaques.

O drama vivido pelo português no início do jogo foi de emocionar. Ele sofreu uma forte pancada de Payet logo aos 8 minutos da primeira etapa. Mesmo com muita dor no joelho, o camisa 7 voltou ao campo, mas totalmente fora de condições. Desabou novamente, aos prantos. O atacante ainda fez outra tentativa de retorno, após a colocação de uma faixa imobilizando o joelho. Não dava mais para ele. Estirado no gramado, chorando copiosamente, ele foi consolado pelos companheiros de time. Aos 23, Ronaldo deixou o campo de maca aplaudido de pé pelos 80 mil torcedores presentes no Stade de France. Emblemático.

Mesmo fora das quatro linhas, CR7 continuou como um dos principais personagens do duelo. Voltou ao gramado pouco antes do início da prorrogação, andando com dificuldade, o que não o impediu de exercer seu papel de capitão. Mesmo mancando, deu força aos companheiros e arquitetou instruções, frenético, ao lado do treinador Fernando Santos. As lágrimas voltaram com o apito final de Mark Clattenburg, mas essas, de alegria. Aos 31 anos, Cristiano Ronaldo pode finalmente colocar em sua galeria de títulos um triunfo com a seleção de Portugal.

Além da euforia de mais de 11 milhões de portugueses, a equipe de Fernando Santos fez muita gente ao redor do mundo feliz. Improvável, a vitória de Portugal pagou 4,50 para cada real apostado. Uma hipotética vitória francesa pagaria 2,15 para um.

Pressão Francesa no primeiro tempo
Como esperado, a seleção da casa começou o duelo em Saint-Denis pressionando bastante o time português. Com marcação alta, a França jogou Portugal para o campo de defesa e teve mais posse de bola. Um dos nomes da partida, o goleiro Rui Patrício mostrou serviço logo aos sete minutos. Grizmann desviou o cruzamento de Payet e obrigou o arqueiro português a operar um milagre no Stade de France.

A saída de Cristiano Ronaldo aos 23 minutos foi o anticlímax do primeiro tempo. Nos minutos seguintes, os dois times procuraram se ajeitar taticamente sem o principal jogador do duelo em campo. A França finalizou mais (7 a 3), mas nada muito intenso. O destaque francês na primeira etapa foi Sissoko: as arrancadas do meia levavam muito perigo à área portuguesa.

Cristiano Ronaldo foi praticamente um técnico

Cristiano Ronaldo foi praticamente um técnico

Empate persistiu na segunda etapa
A França voltou com uma mentalidade ainda mais ofensiva após o intervalo, disposta a furar a retranca portuguesa. Portugal se segurava como podia.Os lusos sentiam falta de CR7 quando retomavam a posse para o contra-ataque. O time da casa foi mais incisivo e criou várias oportunidades de gol, sempre parando nas mãos do goleiro Rui Patrício. Que partida fez o goleiro português! Ele espalmou um chute cruzado de Giroud aos 29 e uma investida de Sissoko aos 39. Assistiu apreensivo a um chute de Gignac, nos acréscimos, acertar caprichosamente a trave e sair.

O único susto português na segunda etapa veio dos pés de Nani: o atacante cruzou na área e a bola foi com muito veneno em direção ao gol. Foi a vez do goleiro Lloris trabalhar, tanto no chute de Nani como na bicicleta de Quaresma no rebote. Nada de gol no tempo normal.

Gol salvador de Éder faz a festa portuguesa, com certeza
A tendência do tempo extra era de um time português muito mais cansado fisicamente: Portugal vinha de duas prorrogações nas oitavas e nas quartas, enquanto que a França havia vencido todos os duelos nos 90 minutos. Na prática, foi o oposto. Os lusos criaram as melhores oportunidades no primeiro tempo da prorrogação. Um dos melhores jogadores de Portugal no torneio, o zagueiro Pepe assustou com uma cabeçada perigosa logo aos 4. Aos 13, o grandalhão Éder, que havia entrado no segundo tempo, cabeceou firme para a defesa de Lloris.

Portugal comemora título da Eurocopa

Portugal comemora título da Eurocopa

Portugal seguiu melhor na segunda etapa do tempo extra. Raphael Guerreiro cobrou falta perigosa logo aos dois minutos, e Lloris assistiu a bola bater no travessão.

Mal sabia o goleiro francês que o pior estava por vir. No minuto seguinte, Éder saiu do anonimato para entrar para a história.

Livre na entrada da área, ele cortou para a perna direita e soltou a bomba.

A bola entrou no canto esquerdo de Lloris, para êxtase de Cristiano Ronaldo fora do campo.

Atônitos, os franceses sentiram o golpe. Não esboçaram reação. Portugal soube administrar a vantagem até o apito final do árbitro. Festa portuguesa, com certeza, em Saint-Denis.