Vicente Dattoli analisa polêmica da possibilidade do Chile disputar a Copa do Catar

De acordo com a Federação Chilena, o Equador utilizou um jogador "inelegível"

De acordo com a Federação Chilena, o Equador utilizou um jogador "inelegível"

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Todo mundo já sabe: a Copa do Catar começará em novembro, com 32 participantes.

O sorteio definindo os grupos foi realizado dia 1º de abril, com três vagas ainda a preencher: uma da Europa, por causa dos problemas da guerra entre Rússia e Ucrânia; e duas vagas de repescagem envolvendo Concacaf, Ásia, Oceania e América do Sul – cujo representante será o Peru, que terminou em quinto lugar as eliminatórias da Concacaf, atrás de Brasil, Argentina, Uruguai e Equador, pela ordem de classificação.

Simples assim.

Nada disso. Para os chilenos, ou melhor, para a Federação Chilena de Futebol, a terceira vaga da América do Sul é deles – e o Equador deve pular fora do alegre grupo que estará no Oriente Médio no fim do ano. E, claro, esta postura já provoca comoção no continente (estamos fora da discussão porque não afeta o Brasil).

De acordo com a Federação Chilena, o Equador utilizou um jogador “inelegível”. E o que seria “inelegível”? Segundo os chilenos, o lateral Byron Castillo não seria equatoriano, mas sim colombiano. Até aí, alguém poderia dizer que ele adotou a cidadania equatoriana, como temos vários jogadores brasileiros fazendo em países europeus, por exemplo.

Só que a acusação vai além: em dossiê apresentado à Fifa, a Federação Chilena afirma que Byron teria nascido três anos antes (um “gato”, na linguagem do futebol) do que consta em seus documentos utilizados na Fifa.

Se as acusações tiverem fundamento, as punições estabelecidas pela Fifa são severas.

Para consumo imediato, perda de pontos em partidas nas quais o jogador atuou – e ele, Byron, participou de oito jogos das eliminatórias da América do Sul. De acordo com o regulamento, a equipe perde os pontos que conseguiu, ou melhor, o adversário computa três pontos para sua classificação. O resultado disso?

Bem, Byron não jogou contra o Peru, ou seja, os peruanos não ganham nada. O mesmo acontece com a Colômbia. Só que ele esteve em campo nos dois jogos contra o Chile (um empate de 0 a 0 e uma vitória do Equador por 2 a 0). Assim, na visão chilena, sua seleção nacional “teria direito” a cinco pontos, passando dos 19 que terminou para 24, herdando a vaga do Equador que cairia de 26 para 22 (Peru permaneceria com 24 e Colômbia com 23).

Deu para entender?

Quem está defendendo a Federação Chilena no caso é um escritório de advocacia brasileiro, o mesmo, por sinal, que nas eliminatórias para a Copa da Rússia já os defendera contra a Bolívia – e ganhou o caso, somando, à época, três pontos para o Chile pela escalação irregular de Cabrera pelos bolivianos.

O retrospecto é bom para os chilenos, como se vê. De acordo com a petição da Federação Chilena, existem inúmeras provas que Byron nasceu em Tumaco, na Colômbia, em julho de 1995, e não General Villamil Playas, no Equador, em 1998, como dizem os documentos utilizados pelos equatorianos.

Para aumentar a confusão, até o Equador, há algum tempo, andou investigando essa situação, mas uma decisão da justiça local disse que estava tudo bem e… Bem, agora é ver qual será a decisão da Fifa, que pode tirar os equatorianos da Copa do Mundo e garantir a vaga para o Chile – que vem sendo acusado pelos demais hermanos de querer levar no grito a classificação que não garantiu no gramado.

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